quinta-feira, 10 de abril de 2025
Sete dias, sete lendas - "A Fada das Ondas"
Uma mulher misteriosa
vivia numa casa de madeira sobre uma falésia. Ninguém sabia ao certo quem ela
era, mas muitos contavam histórias sobre a sua origem. Alguns diziam que era
uma bruxa, outros que era uma rainha degredada pelo marido, e outros ainda que
era apenas uma mulher solitária.
Apesar dos rumores, a
mulher ajudava sempre os náufragos e aflitos. Um dia, um homem molhado e
ensanguentado pediu ajuda depois de o seu barco se estilhaçar. Ela acolheu-o e
cuidou dele. Dias depois, um embaixador atacado por piratas também recebeu a sua
ajuda. Por fim, um pescador roubado e sem nada foi acolhido por ela.
Essas histórias
chegaram ao rei, que ficou encantado com a bondade da mulher. Ele enviou
emissários para a encontrarem, mas a casa estava fechada. Uma gaivota disse-lhes
que a mulher era a Fada das Ondas e que às vezes tinha forma de mulher e outras
de sereia. Os emissários regressaram, acreditando que a gaivota era a própria
Fada das Ondas transformada.
Espero que tenhas gostado desta "caminhada" de leitura!
quarta-feira, 9 de abril de 2025
Sete dias, sete lendas - "O Dia da Sereia"
Um dia, uma bela
sereia foi atirada para terra por uma onda e ficou presa numa rocha, incapaz de
regressar ao mar. Um jovem pescador pobre encontrou-a e, após hesitar, decidiu
ajudá-la. A sereia prometeu trazer-lhe ouro e prata semanalmente como
recompensa. O pescador, que tinha irmãos mais novos para sustentar, aceitou a
proposta e lançou a sereia de volta ao mar.
Durante anos, a sereia
cumpriu a sua promessa, e o pescador tornou-se rico. No entanto, ele percebeu
que continuava a ir à praia não pelo ouro, mas pela presença da sereia. Quando
a sereia parou de aparecer, o pescador ficou triste e mandou erguer uma estátua
de bronze em homenagem a ela.
Já velho e doente, o
pescador desejou ver a sereia novamente e, surpreendentemente, ela apareceu.
Eles abraçaram-se e, desde então, ninguém mais viu o pescador. Diz-se que, em
dias de tempestade, o pescador e a sereia podem ser vistos juntos sobre uma
onda alta, como eternos namorados.
terça-feira, 8 de abril de 2025
Sete dias, sete lendas - "A Ambição das Luas"
Fonte da imagem: https://www.wallpaperflare.com/fantasy-night-scene-night-sky-starry-stars-planet-planets-wallpaper-omjg
A Lua, casada com o
Sol, teve várias filhas talentosas e belas, mas também muito ambiciosas. Um
dia, enquanto ensaiavam para uma festa, um cometa passou e incentivou-as a
tomarem o lugar da mãe no céu, dizendo que poderiam ser adoradas pelos homens.
Cegas pela ambição, as filhas confrontaram a Lua, pedindo o seu lugar.
A Lua, com serenidade,
explicou que ainda não era o momento de se retirar, pois a noite, o Sol e a
Terra precisavam dela. Percebendo a ociosidade das filhas, decidiu enviá-las à
Terra para servirem como portos de abrigo aos navegadores. Assim, as filhas da
Lua tornaram-se ilhas nos oceanos, aprendendo a servir aos outros.
Até à próxima lenda!
segunda-feira, 7 de abril de 2025
Sete dias, sete lendas - "O Reino das Sete Ondas"
Era uma vez
um grande reino que conquistou o seu poder através do mar, em viagens e
batalhas intermináveis. O rei, que dominava tudo o que se via e imaginava,
começou a sentir-se melancólico e distante à medida que seus inimigos
desapareciam e os objetivos eram alcançados. Os seus conselheiros não entendiam
a razão de sua tristeza.
O rei chamou
a feiticeira Maresia, que tinha cabelos de algas e olhos cor de pérola, para
saber o seu destino. Maresia lançou búzios e conchas e disse ao rei que a sua
missão estava cumprida e que ele deveria aproveitar as suas riquezas e
conquistas. No entanto, o rei sentia melancolia pela falta de batalhas e pela
calmaria do mar.
Maresia,
percebendo a inquietação do rei, teve uma ideia brilhante. Ela ordenou ao
albatroz-real que a sua fêmea colocasse sete ovos no mar e lançou uma poderosa
magia sobre eles. No dia seguinte, o rei viu o mar agitado e com um estranho
movimento. Maresia explicou que de cada ovo nasceu uma onda, e que essas ondas
viriam em grupos de sete até o fim dos tempos.
O rei,
liberto de preocupações, sentava-se no trono e contava as ondas até adormecer.
Maresia foi recompensada com uma ilha cheia de fontes e árvores frondosas.
Quando o rei morreu, o seu território ficou conhecido como o Reino das Sete
Ondas.
Até à próxima lenda!
domingo, 6 de abril de 2025
Sete dias, sete lendas - "Os Três Avisos do Mar"
Um velho
pescador fez fortuna retirando peixe e marisco do mar. Com o dinheiro,
construiu casas e comprou terras, mas quanto mais tinha, mais queria. Quando o
peixe começou a escassear, ele subiu a uma rocha junto ao mar para pedir ao
Grande Deus das Águas que lhe devolvesse a abundância perdida.
Enquanto
fazia as suas promessas, o mar subia e cercava o rochedo. Um pescador, uma
gaivota e um peixe-voador tentaram avisá-lo do perigo, mas ele não deu ouvidos.
Quando a noite caiu, o pescador percebeu que estava cercado pelas águas e
protestou ao Grande Deus das Águas, que respondeu que havia enviado avisos, mas
ele não os ouviu.
O pescador
adormeceu e, ao acordar, descobriu que estava vivo. Agradeceu ao Grande Deus
das Águas e passou a contentar-se com o peixe que o mar lhe dava, repartindo a sua
frota de pesca com os pescadores mais pobres. Sempre que um peixe-voador caía nas
suas redes, ele libertava-o, lembrando-se dos avisos que ignorou.
Até à próxima lenda!
sábado, 5 de abril de 2025
sexta-feira, 4 de abril de 2025
Sete dias, sete lendas - "Grão a grão se trava o mar"
quarta-feira, 2 de abril de 2025
Sete dias, sete lendas - "Castigo de Sal"
"No princípio de tudo, quem mandava na Terra era o Grande Deus das Águas, que era poderoso, justo e grave, olhando tudo em redor com os seus imensos olhos verdes, ansioso por ver o enorme território, de que era senhor, povoado por criaturas pacíficas e belas."
Assim começa a primeira lenda de "Lendas do Mar", de José Jorge Letria.
Esta lenda passa-se no princípio de tudo e conta-nos a história de Água, uma dos muitos filhos do Grande Deus das Águas. Era bela e doce, matando a sede a "quem a levasse nos lábios". Mas tudo nela era muito enganador. Água era muito irrequieta, atrevida e temperamental, amuando por tudo e por nada. Não respeitava os outros nem o seu espaço: tinha "o reprovável hábito de invadir o espaço dos seus irmãos e de se apropriar do que lhes pertencia". Gostava de andar por onde lhe apetecesse, invadir os espaços que lhe apetecesse no momento. Era irreverente, obstinada e inconsequente. Gostava de ser livre. Tinha prazer em desobedecer. Achava que tudo lhe seria tolerado e perdoado. Não dava ouvidos a nada do que seu pai lhe dizia. Queria viver livremente, fazendo o que bem lhe apetecesse. Contudo, esta sua atitude desrespeitava por completo a liberdade dos outros...
No início, o pai Grande Deus das Águas tentou educá-la e foi-lhe aplicando pequenos castigos, na esperança de que esta filha rebelde aprendesse que . Mas de nada serviam conselhos, advertências ou castigos. A Água continuou sempre a desobedecer e a fazer tudo o que lhe vinha à ideia, quando e como lhe apetecia.
Certo dia, a Água, apanhando o pai a dormir, invadiu toda a Terra "espraiando-se por continentes e ilhas". Inundou tudo e com a sua corrente arrastou colheitas e animais, causando graves prejuízos no planeta.
Ao saber do sucedido, o Grande Deus das Águas ficou tão zangado que decidiu aplicar à filha Água um castigo que mudaria a sua vida para sempre: a Água deixou de ser doce e ficou salgada. Um castigo de sal!
E foi assim que a água do mar deixou de ser doce e se tornou salgada até ao fim dos tempos.
Água aprendeu a lição. A partir de então, nunca mais se atreveu a ir tão longe como naquele dia do princípio de tudo. Contudo, por vezes, ajudada pelo vento, ainda ameaça a Terra e os seus habitantes...
O que nos ensina esta lenda?
A lenda mostra-nos que não devemos ser arrogantes, egoístas ou desrespeitadores. Ensina-nos principalmente que a liberdade só existe se respeitarmos o direito que os outros têm também de ser livres no seu espaço. Como afirmou o Grande Deus das Águas à filha rebelde: "a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros"
Até à próxima lenda!
Sete dias, sete lendas
Damos hoje início a uma nova rubrica aqui no blogue: "Sete dias, sete lendas".
A partir de hoje, e ao longo de sete dias, publicaremos uma síntese e breve análise do conteúdo de uma lenda do livro "Lendas do Mar".
Este livro foi o escolhido para o Concurso Municipal de Leitura do Concelho da Covilhã no ano 2025. A nova rubrica, "Sete dias, sete lendas", pretende acompanhar-te na leitura da obra. Para cada lenda, terás uma síntese, breve exploração e análise do seu conteúdo e ainda um quizz para testares a tua compreensão da lenda.
Podes procurar o livro na Biblioteca da Escola. Neste blogue encontras também um post com informações sobre o autor e o ilustrador do livro.
Começa a tua leitura e segue depois para o próximo post.
segunda-feira, 10 de março de 2025
LER "Lendas do Mar"
Sete lendas. Sete segredos sobre o mar.
"Lendas do Mar", um livro de José Jorge Letria.
Atreves-te a ler? Clica na imagem da capa e entra no livro
Rodolfo Castro
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